Quando eu era criança a morte simplesmente não existia. Acompanhei meus pais em muitos velórios e enterros, mas todos de pessoas que eu nunca havia visto na vida, pessoas muito idosas, parentes bem, bem distantes.
Conhecia a morte pela televisão, pelo vídeo game. Aliás, não gostava de jogar vídeo game exatamente por isso, eu jogava mal – jogo mal até hoje! - e sempre morria. Claro que eu sabia que era só um personagem, mas eu ficava triste, achava muito horrível aquela história de morre e começa de novo, morre e começa de novo quantas vezes quiser, porque na vida não é assim. Se eu for engolida por uma planta carnívora gigante que sai de dentro de um cano enorme, não vai ter “play again”, não importando a quantidade de cogumelos que eu tenha comido!! Tudo isso sem falar dos desenhos animados onde ninguém morria por nada nesse mundo. E se morria, 10 segundos depois já aparecia de novo firme e forme pra receber outra bigorna na cabeça.
Mas a morte de desenho animado é uma ilustração muito distante da morte de verdade. A pior face da morte é perda. As pessoas no geral não sabem lidar com a perda e é isso que faz da morte uma coisa tão assustadora.
E foi realmente um susto quando uma amiga, alguns anos mais nova que eu, morreu de salmonela. Era filha da minha professora da 2ª série, nós brincávamos juntas e foi aí que veio o pânico, a coisa se tornou real e podia ser comigo muito mais cedo do que eu podia imaginar. Crianças sempre pensam que só vão morrer bem velhinhas, bom, pelo menos era o que eu pensava.
A morte é um assunto no qual não há como se afirmar muita coisa com plena certeza e por esse motivo é tão ligada à religião. É estranho como as pessoas da mesma religião costumam ter conceitos parecidos sobre a morte. É estranho que as religiões se utilizem da morte como sustentação, que sua filosofia de morte seja uma das suas características fundamentais. Religião deveria se preocupar com a vida.
A Espírita é uma das que eu mais tenho curiosidade, mas nunca visitei e trata a morte de uma forma muito particular. Essa questão da reencarnação faz todo o sentido, mas sua função principal é tranqüilizar as pessoas de certa forma, dizer que a distância não é para sempre e ajudar a lidar com a perda. Ao mesmo tempo não deixa que as pessoas pensem que como há um “reset” podem fazer o que quiser sem haver conseqüências dos seus atos.
É interessante como cada um tem sua opinião sobre a morte, mas todas elas são tiros no escuro porque ninguém tem experiência suficiente para isso e se a gente quiser saber mesmo como é a morte, vai ter que esperar. Tudo bem que eu não ligo de esperar mais uns 50 anos, e creio que nem você. Mas agora chega desse assunto, já está bom... Este texto morre aqui.
Muito legal este texto que vc escreveu... Eu também tenho uma curiosidade com a visão espírita sobre a morte.
ResponderExcluirA morte só é algo incerto assim, pq não dá pra ter experiência no assunto... Tu disse tudo. ;P
ResponderExcluirbueno bueno
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