Na minha
primeira entrevista de emprego, logo para uma grande empresa, cheguei ao prédio
e subi os elevadores, entrei em um escritório grande, mas que se tornara
pequeno para a quantidade de pessoas esperando pela entrevista. Entrei e
procurei logo algum espaço para esperar em pé, o único lugar era no meio de um
pequeno corredor e foi onde fiquei. Sem ter o que fazer, reparei em um quadro
bem grande na parede e me surpreendi ao reconhecer a imagem de Alice, aquela do
país das Maravilhas. Parecia um pouco fora do contexto da decoração chique e do
propósito do lugar, talvez eu estivesse mais fora de contexto que o quadro, mas
a frase escrita nele, uma citação do famoso e fofo gato de Cheshire, dizia que
se você não sabe para onde quer ir, então qualquer caminho serve.
Não consegui o
estágio, mas essa frase me atormentava desde então. Definitivamente eu não
sabia onde queria chegar e dois anos depois, também conhecido como ‘hoje pela
manhã’ voltei a pensar nisso e mais uma vez fiquei apavorada por dentro, definitivamente
não sei onde quero chegar. Não tenho objetivos estritamente traçados, nunca fui
uma criança daquelas que sempre sonhou em ter determinada profissão. Não. Cada
dia eu era uma coisa, um dia professora, outro secretária, designer,
engenheira, guia turístico, psicóloga, pesquisadora de pedras, depois de
plantas, depois de insetos. Florista, cozinheira, escritora.
Nesse túnel de lembranças, uma me pareceu como uma luz indicando a saída. Nada mais era do que uma poesia que eu ganhei de uma professora, (aqui entre nós, muito inspiradora), um presente que era no fundo apenas um papel, mas valia mais do que ouro ou do que chocolate, se preferir (eu prefiro). Era um poema do grego Constantino Kavafis, chamado Ítaca que minha mente insistiu em gravar muito bem gravado na pasta de informações inapagáveis do meu HD cerebral. Ele sabia que era uma peça para o quebra-cabeça.
Nesse túnel de lembranças, uma me pareceu como uma luz indicando a saída. Nada mais era do que uma poesia que eu ganhei de uma professora, (aqui entre nós, muito inspiradora), um presente que era no fundo apenas um papel, mas valia mais do que ouro ou do que chocolate, se preferir (eu prefiro). Era um poema do grego Constantino Kavafis, chamado Ítaca que minha mente insistiu em gravar muito bem gravado na pasta de informações inapagáveis do meu HD cerebral. Ele sabia que era uma peça para o quebra-cabeça.
Ítaca na
realidade é uma linda ilha grega, mas no poema é inicialmente um destino
maravilhoso cheio de alegrias, prazeres e recompensas, entretanto a Ítaca Maravilhosa
ao qual o autor descreve nada mais é do que o caminho percorrido e que tudo
você encontrará em Ítaca terá sido apenas o que trouxeste consigo pelo caminho.
Chegarás ou seu destino “Rico de quanto
ganhaste no caminho / Sem esperar riquezas que Ítaca te desse. / Uma bela
viagem deu-te Ítaca. / Sem ela não te ponhas a caminho. / Mais do que isso não
lhe cumpre dar-te. / Ítaca não te iludiu / Se a achas pobre. / Tu te tornaste sábio, um homem de
experiência. / E, agora, sabes o que significam Ítacas.”
Nunca consegui imaginar para onde eu queria ir, mas o caminho eu sei bem qual eu quero e como eu quero percorrer e quem quero levar comigo. Então hoje eu
sei que não preciso mais ficar aflita com a falta de destino, pois não é ele
que me dará o que preciso, ele é apenas uma maneira de impulsionar as pessoas para
que tracem seus caminhos, aquelas que não conseguem ver motivos para
caminhar em direção a algo que não te dará nada além do prazer de ter
traçado um caminho até ela. E descobrir no final que o final não era
importante.